Vegano Periférico, o documentário
Olá, malunguetes! Sou Felipe Dias Batista e essa é minha estreia no blog.
Cinéfilo incorrigível, apaixonado por séries, filmes e documentários, fui convidado a aparecer por aqui indicando o que há de melhor nas artes cinematográficas com temáticas de sustentabilidade (já que o mote da Malungo é artesanato sustentável, olha só!).
Aproveitando minha coluna (Tô me achando! rsrsrsrsr), inauguro esse espaço com um documentário incrível: Vegano Periférico.
O filme realizado de forma independente, com um pouco mais de 45 minutos de duração, está disponível gratuitamente na página da Mídia Ninja no YouTube e acompanha os irmãos gêmeos Eduardo e Leonardo Luvizetto em suas vidas na periferia de Campinas, interior de São Paulo.
O documentário começa com uma cena em que os irmãos estão sentados um ao lado do outro e um deles (o Leo) lê em voz alta reflexões de Karl Marx, que servem tanto para eles quanto para quem assiste ao curta e, a partir dessa introdução, podemos intuir o que nos aguarda nos próximos minutos do filme!
Moradores do Parque Itajaí, os irmãos levantam pautas que vão muito além da ideia que algumas pessoas ainda têm sobre o veganismo ser só sobre não comer carne e não usar produtos de origem animal. Machismo e homofobia são questionados logo no início do documentário, por exemplo.
Os irmãos lutam por um veganismo popular, longe da proposta do veganismo liberal.
O que seria isso exatamente? Um veganismo que se aproxima da realidade das periferias para dialogar e levar informações de forma simples. Um veganismo acessível. Um veganismo que percebe que a periferia é a base que sustenta tudo.
Enquanto ouvimos sobre a transição dos garotos entre deixar de comer carne e passar a incluir em suas refeições mais frutas e legumes, temos os depoimentos da tia e da mãe dos irmãos, que revelam de forma muito sincera como enxergam a decisão deles. Poderia ser a opinião da minha tia ou da minha mãe. Mulheres simples, também da periferia, que muitas vezes não têm tempo ou informações para questionar de onde ou como a comida chegou a seus pratos.
Questionar é o que os irmãos fazem o tempo todo e nos propõe isso ao longo do documentário. Entenderam por que Karl Marx não estava no começo do filme à toa?
As reflexões que eles nos trazem transitam entre velhas perguntas como "é caro ser vegano?", até perguntas mais recentes, do tipo "veganismo popular acompanha lutas antirracistas?"
O filme deixa claro que ser vegano não custa mais e que é possível ter uma alimentação completa e ainda fugir das alternativas que lotam prateleiras dos supermercados elitistas, cuja proposta é substituir produtos de origem animal por outros com a aparência e gosto de produtos de origem animal.
Tudo o que um vegano come tem na feira.
Arroz e feijão é, ainda, a melhor combinação de todos os tempos! O documentário também deixa evidente que o veganismo popular é um movimento político, de anti-exploração animal, humana e não humana, contra qualquer forma de opressão.
O filme ainda nos contempla com depoimentos de moradores de um assentamento do MST, que sintetizam como o trabalho do pequeno agricultor é indispensável na preservação e cuidado com a terra.
É uma outra forma simples de se entender a importância da agricultura familiar e da comida sem veneno. Somos convidados a pensar na publicidade massacrante que nos deixa num lugar confortável sem motivação de questionar a origem do que comemos. Financiados por empresas que almejam lucro acima de qualquer outra coisa.
Temos uma breve visita ao Santuário Terra dos Bichos em São Roque, São Paulo, e a história dos porcos que caíram de um caminhão no Rodoanel, em 2015, e que mudaram a vida do Eduardo pra sempre.
Recomendo muitíssimo esse documentário.
Que ele chegue a muitas pessoas, seja compartilhado, visto e revisto. Que possamos questionar nossas escolhas com mais responsabilidade. Que Leonardo e Eduardo continuem nos inspirando. Vida longa ao veganismo popular!
Obrigado por lerem até aqui. Axé e até semana que vem.
Link para o filme https://www.youtube.com/watch?v=kr98MSULN9g&t=269s
Página do Vegano Periférico no Instagram https://www.instagram.com/veganoperiferico/?hl=pt-br
Site Vegano Periférico https://www.veganoperiferico.com.br/
Autor: Felipe Dias Batista é dramaturgo formado pela SP Escola de Teatro além de produtor, educador, contador de histórias, cinéfilo e aspirante a cozinheiro. Tem um gato preto chamado Brownie e adora os produtos da Malungo.
Revisão: Rafael Silva
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